quinta-feira, 14 de abril de 2016

PRÉ-SAL à venda - Fernando Siqueira

      Há pelo menos vinte anos, Fernando Siqueira é personagem de relevo na defesa do petróleo brasileiro. Presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, durante o governo FHC, ajudou a coordenar a resistência contra o esvaziamento da empresa e os leilões dos campos nacionais de óleo. Descoberto o Pré-Sal, no final do governo Lula, bateu-se para que sua imensa riqueza não fosse explorada por transnacionais (como sugeria a legislação em vigor), e sim pela empresa brasileira. Esta luta foi, em parte, vitoriosa — embora o avanço pudesse ser maior.


 À grande capacidade de mobilização, Siqueira soma profundo conhecimento sobre o setor de petróleo. Não é um agitador vazio. Estuda e conhece as tendências da exploração no mundo; sua geopolítica e interesses; seus limites ambientais; a necessidade de substituir, tão rapidamente quanto possível, os combustíveis fósseis por outros, mais limpos. A longa entrevista abaixo merece ser lida com atenção por quem deseje conhecer o assunto em profundidade. Seu mote é a CPI proposta pelos partidos conservadores para investigar a Petrobras. Fernando argumenta, com riqueza de dados: não se trata de iniciativa para defender a empresa, mas para desmoralizá-la e, em seguida, tolher sua presença no Pré-Sal.
    Em contrapartida, Fernando é ácido num ponto que revela os limites do governo Dilma — e que a oposição, sintomaticamente, não se dispõe a explorar. Por que manter, ainda que em novas condições, os leilões do petróleo brasileiro? Caso fossem apropriados pela sociedade, os recursos do Pré-Sal — diz o engenheiro — poderiam impulsionar, por exemplo, uma revolução nos serviços públicos. Que lógica há em tratá-los como mera mercadoria? Nos parágrafos a seguir, além de debater CPI e Petrobras, Fernando expõe, com profundidade e didatismo, um cenário sobre a situação dos combustíveis fósseis, no país e no mundo.

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