Há pelo menos
vinte anos, Fernando Siqueira é personagem de relevo na defesa do petróleo
brasileiro. Presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, durante o
governo FHC, ajudou a coordenar a resistência contra o esvaziamento da empresa
e os leilões dos campos nacionais de óleo. Descoberto o Pré-Sal, no final do
governo Lula, bateu-se para que sua imensa riqueza não fosse explorada por
transnacionais (como sugeria a legislação em vigor), e sim pela empresa
brasileira. Esta luta foi, em parte, vitoriosa — embora o avanço pudesse ser
maior.
À grande
capacidade de mobilização, Siqueira soma profundo conhecimento sobre o setor de
petróleo. Não é um agitador vazio. Estuda e conhece as tendências da exploração
no mundo; sua geopolítica e interesses; seus limites ambientais; a necessidade
de substituir, tão rapidamente quanto possível, os combustíveis fósseis por
outros, mais limpos. A longa entrevista abaixo merece ser
lida com atenção por quem deseje conhecer o assunto em profundidade. Seu mote é
a CPI proposta pelos partidos conservadores para investigar a Petrobras.
Fernando argumenta, com riqueza de dados: não se trata de iniciativa para
defender a empresa, mas para desmoralizá-la e, em seguida, tolher sua presença
no Pré-Sal.
Em contrapartida, Fernando é ácido num ponto que revela os limites do
governo Dilma — e que a oposição, sintomaticamente, não se dispõe a explorar.
Por que manter, ainda que em novas condições, os leilões do petróleo
brasileiro? Caso fossem apropriados pela sociedade, os recursos do Pré-Sal —
diz o engenheiro — poderiam impulsionar, por exemplo, uma revolução nos
serviços públicos. Que lógica há em tratá-los como mera mercadoria? Nos
parágrafos a seguir, além de debater CPI e Petrobras, Fernando expõe, com
profundidade e didatismo, um cenário sobre a situação dos combustíveis fósseis,
no país e no mundo.
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